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Não somos a nossa mente: um convite ao despertar interior

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Introdução

Não é a voz que comenta, analisa ou julga. Não é a memória do que fomos nem o medo do que poderemos ser. É a presença silenciosa que observa tudo sem se perder. Quando a encontramos, deixamos de ser reféns da mente e passamos a viver com clareza, paz e liberdade interior.

O papel de observador

Vivemos a maior parte dos nossos dias mergulhados num turbilhão de pensamentos. Passado, futuro, hipóteses, medos, memórias, listas, preocupações… E, sem nos darmos conta, começamos a acreditar que somos esse fluxo incessante de vozes que nos falam por dentro. Mas há um segredo que muda tudo, nós não somos a nossa mente.

A mente é uma ferramenta extraordinária, mas não é o nosso verdadeiro lar. Quando a deixamos assumir o comando, transformamo-nos em reféns das suas histórias e acabamos por perder o contacto com algo muito mais profundo, a presença viva e silenciosa que nos habita. É nesse silêncio que está a nossa verdadeira essência, livre do ruído mental, livre da constante narrativa que nos arrasta para longe do agora.

A identificação com os pensamentos cria uma espécie de névoa, um filtro invisível que distorce a forma como vemos o mundo e a nós próprios. Através dele, interpretamos, julgamos, rotulamos e, nesse processo, afastamo-nos do que é real. Esquecemo-nos de que, para além de todas as formas e separações aparentes, somos parte indivisível de um todo.

O caminho de libertação começa com um simples ato: observar. Observar a mente a funcionar, como quem assiste a um filme sem se deixar arrastar pela história. Ao ouvirmos a voz interior sem julgar, sem tentar mudar ou controlar, algo subtil acontece: percebemos que existe alguém a ouvir essa voz. E esse alguém… somos nós. Não o “nós” das histórias mentais, mas o “nós” consciente, presente e silencioso.

Entre um pensamento e outro, existe sempre um espaço. Um pequeno intervalo de quietude, como a pausa entre duas notas de música. Se aprendermos a repousar nesse intervalo, mesmo que por instantes, a mente perde a urgência de nos dominar. E, pouco a pouco, esse espaço de silêncio cresce. Com ele, cresce também a nossa paz.

A prática da presença plena é outra porta para essa liberdade. Quando estamos completamente atentos ao que fazemos, seja a beber um café, a caminhar, ou a ouvir alguém, deixamos de alimentar a mente com passado e futuro. Tudo se simplifica. Tudo se ilumina. E, nesse instante, já não somos prisioneiros do pensar incessante.

As emoções também são mestres silenciosos. Ao invés de lhes resistirmos ou nos perdermos nelas, podemos observá-las como energias que vêm e vão. Assim, deixamos de ser “alguém zangado” ou “alguém triste” e passamos a ser a consciência que testemunha a emoção, sem se confundir com ela.

Este é o verdadeiro despertar: reconhecer que, para além da mente e das emoções, existe em nós uma presença serena, vasta e intocável. E quando vivemos a partir dela, o mundo continua o mesmo, mas nós, finalmente, estamos livres.

O tempo: a ilusão que nos afasta do agora

Há um equívoco profundo que nos acompanha desde sempre: acreditamos que a vida se desenrola no tempo, ontem e amanhã, quando, na verdade, ela só acontece num único instante: este. O tempo e a mente caminham lado a lado; se libertarmos um, o outro perde a força. E, no entanto, vivemos presos a esta teia, ora a remexer no que já passou, ora a antecipar o que poderá vir.

Fazemo-lo quase sem pensar, porque o passado parece dar-nos uma identidade sólida, uma história que conta quem somos, e o futuro oferece-nos a promessa de que, um dia, tudo fará sentido ou será melhor. Mas ambos são construções frágeis, imagens pintadas pela mente. Não são a realidade.

O que é verdadeiramente precioso não é o tempo. É o Agora.


É neste instante que a vida pulsa, respira e se revela. Quanto mais nos afastamos dele, mais nos perdemos em fantasias mentais e menos experimentamos a intensidade e a frescura da vida real.

O presente é o espaço onde tudo acontece. É o pano de fundo imutável que sustenta cada experiência. Nunca houve um momento em que a nossa vida não fosse agora e nunca haverá. É aqui que podemos encontrar a única porta que nos leva para além das fronteiras estreitas da mente, para o território vasto e silencioso do Ser.

Estar plenamente no agora é como caminhar por um fio de luz: requer presença total, atenção viva, e deixa pouco espaço para o peso do passado ou o medo do futuro. E quando nos encontramos nesse estado, algo extraordinário acontece, os problemas dissolvem-se, não porque o mundo mudou, mas porque deixaram de ter onde se agarrar.

O sofrimento precisa de tempo para existir. No instante presente, ele perde o alimento e desvanece. Aqui, no agora, tudo se simplifica. O que permanece é apenas aquilo que sempre fomos: presença pura, livre e intocável.

Podemos perceber quão presos estamos à mente e ao tempo se observarmos o sentimento que nos acompanha enquanto vivemos.

A transformação nem sempre exige mudar o que fazemos, mas sim a forma como nos envolvemos com cada ato. O modo de estar é mais importante do que a tarefa em si. Quando damos atenção completa ao momento, deixamos de nos preocupar com resultados ou metas e permitimos que o que surge seja acolhido com plena consciência. Aceitar o instante, sem resistir ou julgar, abre espaço para que a vida se revele com fluidez.

Ao cultivarmos esta atenção, mesmo o gesto mais simples pode ganhar uma nova qualidade: cuidado, presença e até amor silencioso. A tensão e a sensação de luta começam a dissolver-se naturalmente, e a vida adquire um ritmo mais leve e harmonioso. A alegria deixa de depender de circunstâncias externas e surge do simples facto de estarmos inteiros, desperta e atentos ao agora.

Ser pleno neste instante é descobrir que a verdadeira alegria não está nas conquistas nem nas metas, mas na entrega consciente ao momento que nos é dado. É aqui, neste espaço intemporal, que nos libertamos e sentimos a suavidade de simplesmente ser.

 

Conclusão - Aceitar o fluxo da vida

Ao percorrermos este caminho, começamos a perceber que o sofrimento não é uma sentença inevitável, mas um reflexo da nossa resistência ao que é. Mesmo que continuemos ligados à dimensão física e à mente coletiva, os desafios e dificuldades podem surgir. Mas aprendemos a não os confundir com sofrimento genuíno: o verdadeiro sofrimento nasce do ego, da resistência, da tentativa de controlar aquilo que naturalmente flui.

À medida que permitimos que tudo exista tal como é, começamos a sentir uma dimensão mais profunda, por baixo das dualidades do mundo. Surge uma presença constante, serena e inabalável, uma alegria que não depende de circunstâncias, que não se mede pelo bem ou pelo mal. Esta é a alegria do Ser, a paz que sentimos quando nos alinhamos com o fluxo da vida, com a própria essência do divino.

No mundo das formas, tudo segue ciclos inevitáveis: nascimento e morte, criação e dissolução, ascensão e declínio. Vemos estes padrões em cada estrela, em cada planeta, em árvores, flores e também nas nossas próprias vidas, nas relações, nos projetos e nas sociedades que habitamos. Há ciclos de crescimento e sucesso, ciclos de perda e fracasso. O que nos ensina a vida é que cada ciclo tem o seu lugar e a sua razão.

Não existe ciclo bom ou mau, exceto na avaliação da mente. O que julgamos positivo ou negativo é apenas uma percepção limitada. Aceitar o fim de algo, seja qual for o seu impacto, é abrir espaço para o novo. Permitir que a vida se renove sem resistência é alinhar-nos com o fluxo natural das coisas e libertar-nos da tensão que gera sofrimento.

Ao vivermos desta forma, descobrimos que não precisamos controlar cada instante. Aprendemos a confiar, a acompanhar a vida sem nos apegarmos, a experienciar a mudança sem medo. É neste espaço de entrega e presença que encontramos a serenidade verdadeira: uma paz profunda, uma alegria silenciosa e permanente que é, em essência, o nosso próprio Ser.

À medida que caminhamos juntos neste despertar, percebemos que a verdadeira liberdade não está fora de nós, mas dentro, na capacidade de estar plenamente presentes, de aceitar o fluxo da vida e de viver com a serenidade do Ser. Cada instante é uma oportunidade para nos reconectarmos com a nossa essência, para experimentar a alegria sem motivo e a paz que não se abala. Convidamo-vos a continuar esta jornada na Academy, onde cada passo nos aproxima de uma vida mais consciente, leve e plena.

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